Escrito por Bruno Franco 17 de maio de 2013
Na sociedade contemporânea, as interações sociais são permeadas por uma série de expectativas e padrões de comportamento. Essas normas moldam nossas atitudes e, muitas vezes, nos levam a adotar "máscaras sociais" para nos adequarmos aos contextos e às expectativas alheias. Quando falamos do convívio do obeso, essas máscaras tornam-se ainda mais evidentes e complexas. Baseando-se na monografia de Bruno Cezar Silva Franco, exploraremos como essas máscaras influenciam as relações sociais das pessoas com obesidade e os impactos psicológicos decorrentes desse fenômeno.
A Construção das Máscaras Sociais
Máscaras sociais são comportamentos adotados para esconder aspectos da nossa identidade que consideramos inadequados ou indesejáveis perante os outros. No caso de indivíduos obesos, essas máscaras são frequentemente usadas como mecanismos de defesa para lidar com o estigma e a discriminação. Bruno Cezar Silva Franco aponta que essas máscaras podem manifestar-se de diversas formas: através do humor autodepreciativo, da tentativa excessiva de agradar os outros, ou até mesmo do isolamento social.
A percepção do uso de máscaras esta ligada ao passado do sujeito, às sanções sociais, aos mecanismos de defesa utilizados para manter a integridade egóica e à aprendizagem por modelagem no contexto sociocultural, além da própria definição das metas de vida. Visa-se enxergar como os indivíduos tendem a colocar para que possam se relacionar, sem interferir na dinâmica grupal, de convivência. A percepção desta mudança é dificultada pela interferência do passado do indivíduo. Os indivíduos se deparam com as sanções impostas pelo seu inconsciente, devido a suas experiências socioculturais nas quais estão, ou já estiveram, inseridos.
Humor Autodepreciativo: Uma Armadura Fragilizada
Uma das máscaras mais comuns utilizadas por pessoas obesas é o humor autodepreciativo. Esta estratégia pode funcionar como uma forma de controlar a narrativa em torno do próprio corpo, desarmando potenciais críticas através da autoironia. No entanto, Franco alerta para os efeitos nocivos desse comportamento. Embora possa parecer uma maneira eficaz de lidar com a insegurança, o humor autodepreciativo pode reforçar sentimentos de baixa autoestima e autodesvalorização, criando um ciclo vicioso de negatividade.
A Necessidade de Agradar: Um Custo Elevado
Outro comportamento mascarado frequentemente observado é a tentativa exacerbada de agradar os outros. Indivíduos obesos, na tentativa de serem aceitos e valorizados, podem adotar uma postura excessivamente solícita, colocando as necessidades alheias à frente das suas próprias. Conforme discutido na monografia de Franco, essa necessidade de agradar pode levar ao esgotamento emocional e à perda de identidade, além de perpetuar a sensação de que o valor pessoal está intrinsecamente ligado à aprovação externa.
Isolamento Social: A Máscara do Silêncio
O isolamento social é outra máscara que muitas vezes é utilizada como um escudo contra o preconceito e a rejeição. Evitar interações sociais pode parecer uma solução temporária para evitar o desconforto e a humilhação, mas, como argumenta Franco, esse comportamento pode levar a sentimentos de solidão e depressão. O isolamento não apenas impede o desenvolvimento de relacionamentos saudáveis, mas também priva o indivíduo das experiências sociais que são essenciais para o bem-estar emocional.
Impactos Psicológicos das Máscaras Sociais
O uso contínuo de máscaras sociais pode ter um impacto profundo na saúde mental dos indivíduos obesos. Bruno destaca que a constante necessidade de esconder aspectos da própria identidade gera um estado de tensão e ansiedade. Além disso, essas máscaras podem impedir que o indivíduo busque ajuda ou apoio, perpetuando um ciclo de sofrimento silencioso.
Rompendo com as Máscaras: Um Caminho para a Autenticidade
Para superar os desafios impostos pelas máscaras sociais, é crucial promover um ambiente de aceitação e inclusão. Franco sugere que a mudança começa com a conscientização e a educação, tanto dos indivíduos obesos quanto da sociedade em geral. Incentivar a autocompaixão e a autoaceitação é fundamental para que as pessoas possam abandonar suas máscaras e interagir de maneira autêntica.
Além disso, é essencial combater o estigma associado à obesidade, promovendo uma compreensão mais profunda das causas e consequências dessa condição. Isso envolve desmistificar ideias preconcebidas e criar espaços seguros onde os indivíduos possam expressar-se livremente sem medo de julgamento.
Conclusão
As máscaras sociais desempenham um papel significativo na interação social e no convívio dos obesos, muitas vezes exacerbando os desafios psicológicos enfrentados por esses indivíduos. Ao compreender e abordar as raízes dessas máscaras, podemos trabalhar para criar uma sociedade mais empática e inclusiva, onde todos possam se sentir aceitos e valorizados por quem realmente são. O trabalho de Bruno Cezar Silva Franco oferece uma perspectiva valiosa sobre essa questão, destacando a importância de promover a autenticidade e a aceitação no combate ao estigma da obesidade.
Referência Bibliográfica
FRANCO, Bruno Cezar Silva. As máscaras sociais e o processo de interação social no convívio do obeso, Nilópolis, 2012. 51p. Monografia (Graduação em Psicologia) – Faculdade de Ciências Médicas e Paramédicas Fluminense. Disponível em: <https://www.psicologia.pt/artigos/textos/TL0462.pdf >
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